Como seu desejo sexual muda à medida que você envelhece – aos 30, 40, 50 anos e além (parte 1)

Como seu desejo sexual muda à medida que você envelhece – aos 30, 40, 50 anos e além (parte 1)

À medida que o tempo avança e o ciclo inexorável do envelhecimento se faz presente em nossas vidas, não é segredo que os caprichos dos hormônios desempenham um papel intrincado na transformação de nossos estados de ânimo e desejos. O que outrora nos fazia transbordar de bom humor pode, com o passar dos anos, se apresentar de forma diferente. Embora a mudança no apetite sexual ao entrar em uma nova década de vida possa não ser imediatamente perceptível, é imperativo reconhecer que diversos fatores podem influenciar nosso desejo sexual, muitos deles completamente fora do nosso controle.

 

As flutuações em nosso impulso sexual, desejo, interesse e libido podem ser inextricavelmente atreladas a uma miríade de fatores, desde as experiências pessoais do presente, até questões não resolvidas do passado, bem como os estressores adicionais que podem se entremear em nossas vidas. À medida que o desejo sexual é, por sua natureza, uma experiência profundamente pessoal, desvendar as ferramentas adequadas para avivar tal desejo e interesse pode demandar tempo, experimentação e, acima de tudo, paciência, independentemente da idade em que nos encontramos. Aqui, delineamos o que é essencial compreender para manter acesa a chama do desejo ao longo do envelhecimento e trazemos algumas dicas fundamentais para estes momentos.

 

Os Fatores que Moldam a Evolução do Desejo Sexual

 

Os hormônios emergem como atores primordiais na determinação do nosso desejo sexual global. Os hábitos de vida que adotamos, incluindo nossa alimentação, prática de exercícios, padrões de sono e manejo das emoções, desempenham um papel preponderante na regulação dos níveis hormonais. Além disso, é importante destacar que, com o passar dos anos, a produção hormonal sofre um declínio natural que pode impactar diretamente a função sexual, conforme observado pela médica especialista em saúde sexual e antienvelhecimento, Rachael Cabreira.

 

Segundo a Dra. Cabreira, “Nossos hormônios flutuam ao longo da vida, e o processo de envelhecimento inicia-se aproximadamente entre os 25 e 30 anos. Concomitantemente, a produção hormonal tende a diminuir com o avançar da idade, o que pode repercutir na função sexual.”

 

Entretanto, é importante salientar que a libido, independentemente da idade, é uma complexa interação de variáveis, e fatores externos como estresse, privação de sono, uso de medicamentos, aumento do consumo de álcool e problemas de saúde mental também exercem influência sobre a oscilação do desejo sexual. Em virtude dessas mudanças naturais, observa-se que tendências específicas costumam estar sincronizadas com as faixas etárias dos 30, 40, 50 e 60 anos, alterando, assim, o panorama do desejo sexual.

 

Seu desejo sexual aos 30 anos

 

Como em tantos outros aspectos do corpo humano, o desejo sexual não permanece imutável à medida que transitamos pela linha do tempo. Aos 20 anos, sua força pode ser avassaladora, mas, ao se aproximar dos 30, é possível que comece a sentir uma brisa mais suave ou até mesmo um declínio no ardor que antes o caracterizava. Esse súbito arrefecimento pode encontrar raízes nas flutuações hormonais associadas ao ciclo menstrual, e até mesmo nas transformações decorrentes da gravidez e do parto.

 

Conforme apontado pelos dados mais recentes do Census Bureau dos Estados Unidos, a idade média das mulheres para dar à luz é agora aos 30 anos, e durante essa jornada da gestação ao pós-parto, o corpo feminino passa por uma profunda metamorfose hormonal. Isso pode resultar em sintomas como secura vaginal, desconforto e disfunção do assoalho pélvico, bem como uma redução geral do desejo sexual. Neste contexto, uma orientação valiosa emerge: Use lubrificante, sempre.

 

Além disso, o estresse se insinua como um protagonista influente. A casamenteira licenciada e terapeuta familiar, Anastasia Locklin, compartilha suas observações sobre como os níveis elevados de estresse relacionados à criação de filhos, às transições de vida, como promoções no trabalho, e às demandas corporativas por ascensão profissional podem impactar diretamente as mulheres em sua faixa etária dos 30 anos e seu desejo sexual.

 

Outro aspecto emocional que merece nossa atenção é a percepção distorcida e influenciada pelas redes sociais dos ideais de beleza vigentes em nossa sociedade. Locklin enfatiza essa dinâmica: “Vivemos em um mundo onde os padrões de beleza são frequentemente distorcidos e profundamente moldados pelas redes sociais. Esses sentimentos de inadequação podem erguer barreiras entre nós e a plena participação em experiências sexuais. Podemos temer julgamentos por parte de nossos parceiros ou sentir desconforto em relação a nossos próprios corpos, o que, por sua vez, diminui nosso desejo por intimidade.”

 

Do ponto de vista terapêutico, Locklin sugere a importância de nutrir a autocompaixão e a autoaceitação, e até mesmo considerar a busca por terapia, que oferece um espaço seguro e acolhedor para explorar esses sentimentos complexos.

 

“Efetivar a autenticidade, nutrir a autoestima e promover uma imagem corporal positiva são etapas cruciais para nos sentirmos mais à vontade e confiantes em nossa própria pele,” destaca Locklin. “Isso, por sua vez, pode exercer um impacto positivo em nosso bem-estar geral, saúde emocional e até mesmo em nossa conexão com nossa própria sensualidade.”

 

Seu desejo sexual aos 40 anos

 

É inegável que mudanças hormonais significativas se tornam uma constante à medida que o marco dos 40 anos se aproxima, e isso se deve, em grande parte, à entrada da maioria das mulheres na menopausa nessa fase da vida. A perimenopausa, que abrange um período de cinco a 10 anos que antecede a menopausa, também marca o início de uma gradual diminuição na produção de estrogênio pelos ovários, alterando, por conseguinte, a experiência sexual.

 

Segundo as observações da médica especialista em saúde sexual, Rachael Cabreira, “Na minha prática, é bastante comum encontrar mulheres que começam a notar a diminuição da libido e a secura vaginal, muitas vezes associadas diretamente às flutuações nos níveis de estrogênio na vagina.”

 

Cabreira ressalta ainda que, para muitas mulheres, um dos impactos mais significativos desses desafios relacionados à menopausa é a perda de uma vida sexual saudável e satisfatória, bem como a diminuição da intimidade com o parceiro. Tais desafios vêm para acentuar um período já emocionalmente complexo na trajetória feminina.

 

Entretanto, nem tudo são sombras nesse panorama. Algumas mulheres descobrem que a vida sexual aos 40 anos pode se revelar uma jornada de libertação sexual. Nesse estágio da vida, elas têm uma clareza maior sobre suas preferências e desejos, sentem-se mais empoderadas para expressar suas necessidades e não mais carregam a preocupação da gravidez, o que lhes permite explorar mais profundamente o próprio corpo e desfrutar plenamente de sua sexualidade.

 

Enfim, uma boa notícia!

 

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